O CHAMADO
MINISTERIAL MORREU?
Uma triste
constatação é a de que o chamado ministerial praticamente está morrendo. O que
vem ocupando seu lugar é o nepotismo eclesiástico. O que mais me chama a
atenção está o fato de que a igreja passou a ser propriedade de homens que veem
redefinindo o chamado ministerial como sendo sucessão hereditária. Isso acontece
em um percentual cada vez maior de igrejas. Se Deus promove o crescimento de
uma determinada igreja e consequentemente seu patrimônio expande, logo, vemos o
pastor presidente atrair para o ministério os seus parentes, como uma tentativa
de preservar o patrimônio e mesmo achar que estes atraídos serão melhores
gestores que outros. Mas também vejo
outra faceta neste comportamento é de colocar filhos, irmãos e outros parentes
no mercado de trabalho. Não estou dizendo que filho de pastor não possa ser chamado para o
ministério pastoral, mas via de regra, o que acontece é que tais pessoas se
apresentam para a vida como desqualificados e inapropriados e então os pais, para
ajudá-los, colocam no ministério. Em muitos casos os filhos dizem que não se veem
no ministério pastoral, mas os pais fazem ouvidos moucos e os colocam à força.
Esse
comportamento fere frontalmente a soberania do Espírito Santo, pois é este
Espírito que separa e chama homens para o ministério e não a livre decisão de
um líder que quer beneficiar os seus. É o Espirito Santo que promove a
construção do corpo de Cristo, a igreja. Portanto, todos os cargos através dos
quais se realiza esta obra, devem ser designados por Cristo e instituídos pelo
Espirito Santo. Quando um pastor se arroga no direito de preencher a vacância no
ministério pastoral através de decisão própria, isso não constitui uma ofensa
ao Espírito Santo?
Vejamos o
exemplo do preenchimento do cargo de apóstolo logo após a morte de Judas.
Cristo havia subido ao céu e ainda o Espírito não havia sido enviado. Os
apóstolos vendo a necessidade de preencher o cargo vago deixado por Judas, oram
a Deus e lançam sorte sobre dois nomes. Matias é selecionado. Mas houve aprovação
por parte de Deus para este ato? Se o cargo era designação de Cristo e sua
instituição era função do Espirito, então algo estava acontecendo sem a anuência
do Espirito. Matias nunca mais é mencionado como integrante dos doze apóstolos,
mas logo depois (uns dois anos) o Senhor Jesus pessoalmente chama a Paulo e
este vai se designar assim: “Paulo,
apóstolo, não da parte de homens, nem por meio de homem algum, por Jesus Cristo
e por Deus Pai, que o ressuscitou dentre os mortos”. Gl. 1:1.
O
preenchimento do ministério pastoral deve se dar exatamente como se deu no
princípio. Um tempo de oração e espera deve preceder a indicação do Espirito e
nunca a decisão de um homem que entende ser assim, afrontando a soberania do
Espírito Santo. Sim oração e espera no aguardo da orientação de Deus, submissão
santificada a sua vontade quando é dada a conhecer, Ele vai escolher pastores e
pô-los sobre os rebanhos designados.
O quadro
descrito em Apocalipse é maravilhoso. O Senhor que anda no meio dos candeeiros
e tem as estrelas em suas mãos. Aponta para o senhorio de Cristo no meio da
igreja e o cuidado do mesmo com os pastores que escolheu. Este que anda no meio
dos candeeiros não sabe exatamente o que sua igreja precisa? Por que homens
arbitrariamente devem se intrometer naquilo que é alçada do Senhor da Igreja
através do seu Espírito? Essa arrogância tem seu preço e este preço é a morte
da igreja local, é o esvaziamento do poder vital do Espírito no meio dela.
Não se pode
confiar nem na maioria e nem na minoria quando não existe a espera paciente
diante do Senhor para que este designe os pastores que quer para a igreja. Quando
a ação do homem sobrepuja a do Espírito o que vai se ouvir da parte de Deus é: “ICABODE” foi-se a glória do Senhor. Isso poderia ser
traduzido como: “Quando a vida perde o Brilho e a vitalidade”. A nora do
sacerdote Eli quando soube do extravio da arca e da morte do sogro e marido deu
a luz a um filho e quando morria sem forças pronunciou o nome da criança “Icabode”,
descrevendo o que seria a vida de Israel dai para frente, vida sem brilho e
vitalidade.
Quando ocorre o desprezo da soberania do Espírito Santo a igreja ainda continua com aparência de vida, com ritos já consagrados e comportamentos instituídos, mas falta-lhe brilho e vitalidade. Tem aparência, mas não tem vida. Tem movimento, mas não tem dinamismo. Possui dinheiro mas falta o levanta-e e anda.
A soberania
do Espírito precisa ser redescoberta e vivenciada pela igreja no sec. XXI. A igreja precisa reagir aos regimes
autocráticos que se perpetuam em seu seio. Caso contrário mais sofrimento e
descredito se apresentarão para a igreja.
Pastores,
reajam bem a soberania do Espírito! Aguardem pela voz do Senhor da seara em oração
e paciência. Deus será glorificado.
Soli Deo Gloria
Pr. Luiz Fernando R. de Souza